Sempre sonhei com uma família tradicional, ilustrada
perfeitamente pelo café da manhã: Papai tomaria uma xícara de café preto, por
detrás do jornal (engraçado como associo jornais a figuras masculinas),
indignado com a política, proferindo impropérios ao juiz que apitou o jogo do
dia anterior favorecendo o time adversário. Enquanto mamãe, com seu suco de
laranja e seu sanduíche integral, tentaria convencê-lo a se alimentar de forma
mais saudável e a não se estressar tanto. Os filhos seriam instruídos a escovar
os dentes e arrumar a mochila, depois de terem vencido a mãe que há muito
desistiu de fazê-los comerem.
Hoje, eu seria feliz lendo meu próprio jornal, tomando meu
café preto, seguido de um copo de suco de laranja com sanduíche integral,
enquanto a filhota escova os dentes e arruma a mochila depois de ter tagarelado
sobre o dia anterior ao invés de comer. Não é que eu tenha perdido as
esperanças de fazer parte de uma família daquelas. Mas, considerando a
realidade atual, a família teria de ser uma releitura de tal modelo.
Papai teria que dividir comigo o jornal. E a cafeína. A
indignação com a política e o futebol também teria que ser compartilhada. O meu
jornal provavelmente não me esconderia, a fim de que eu pudesse ouvir as tagarelices
dos filhos e travar a batalha da comida, dos dentes e da mochila.
As mulheres contemporâneas estão prontas para assumirem
papéis ditos masculinos, mas não parecem conseguir se desvencilhar dos papéis
tidos como femininos. Queremos nos lançar no mercado de trabalho, estudar, nos
manter atualizadas em toda a sorte de assuntos – desde o futebol, passando pela
política, até as passarelas mundiais – ser engajadas sócio ecologicamente,
manter uma vida social saudável, cuidar das crianças, da casa e de nós. Ufa!
Deve ser daí que surge o conceito de supermulher.
Ai de quem nos diga que somos humanas e não podemos nos
exigir tudo isso, pois não conseguimos... “Ah, não consigo, é? Pois então senta
e assiste. E passa pra cá o jornal, pois o dia, hoje, é cheio!”
2 comentários:
Bacaníssimo, Kadi!!!
Beijos e Feliz dia das MÃES!! Que sejam mais como você e menos como as Amélias!!
Pat
p.s.: difícil provar que não sou um robô com esses códigos malucos do google!!! Devem ser feitos por robôs!
O que significa isso: cretugh oduchman??
Obrigada, mesmo, Pat!
Google preconceituoso... Deixem os robôs terem vida virtual, pô! Nada mais justo.
Sou péssima pra decifrar esses códigos. Nunca acerto de cara...
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